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Opinião: O Clube é das QUINTAS, mas é tão chato como uma SEGUNDA.

Atualizado: 4 de dez. de 2024

A narrativa de Richard Osman tenta ser interessante e talvez até seja para certa parte do público, mas não funciona para todo mundo.

Conheci O Clube do Crime das Quintas-feiras, de Richard Osman, publicado em 2021 pela Intrínseca, por meio do Clubinho (um "clubinho" de leitura que participo com alguns amigos). No fim, as pessoas que já o tinham lido no Clubinho falaram que ele era ruim e em todos os sites (Amazon, Google e até o Skoob), a avaliação do livro é muito alta. Então, como eu estava atrasado, esperei terminar de lê-lo para pensar a respeito. Após ler, cheguei a conclusão de que O Clube do Crime das Quintas-feiras ou é uma história nichada, que funciona apenas para algumas pessoas, principalmente no Reino Unido, ou é uma histeria coletiva que peca por excessos, o que talvez passe a impressão para os leitores de que a narrativa é muito inteligente quando na verdade não é.


Primeiramente, a premissa é interessante: existe um clube do crime com 4 idosos que vivem em uma espécie de vila para idosos no interior do Reino Unido. Esses idosos, Elizabeth, Joyce, Ibrahim e Ron, dedicam suas vidas simples nesse lugar revisitando casos de assassinatos antigos buscando inconsistências e, de certa forma, trazendo alguma animação na vida dessas personagens. Isso muda quando acontece um assassinato de verdade e essas pessoas se veem em meio a uma investigação real de assassinato.


E então, a partir daí, a história cansa, pois todos os elementos da narrativa não se bastam por si só: a narração é pitoresca e, apesar de o livro tentar ser sério, o narrador não passa essa energia, pois suas tentativas de nos fazer aproximar de um contexto com idosos corajosos - mas ainda assim idosos, não funciona; o espaço e o tempo não conseguem ser interessantes o suficiente; o enredo é a única parte interessante, como já dito, mas como o resto não contribui para a construção narrativa, isso não adianta; e os personagens não empolgam.


Sobre isso, preciso dizer que há uma boa tentativa de fazê-los ser interessantes, trazendo características dessas pessoas e histórias passadas para mostrar que eles já viveram muito e são marcados por traumas que os fazem viver como vivem. Entretanto, há um problema na construção da história que destrói essa tentativa.


Quando resenhei o primeiro livro aqui (Vermelho, Branco e Sangue Azul, de Casey McQuinston), eu disse que ele parecia uma fanfic muito bem escrita, mas que, apesar disso, a narrativa tinha tantas nuances que fazia o leitor esquecer completamente desse fator "fanfic". Aqui, em Clube do Crime, a narrativa quer ser séria, mas tem diálogos tão sem noção, que quer ser engraçado e, na realidade, dá vergonha alheia, parecem de uma fanfic (de uma fanfic muito mal escrita) e, ao contrário do livro de McQuinston, isso sobressai sobre a narrativa sem força.


Por fim, o enredo demora muito a engrenar, com capítulos que parecem não levar a nada, e, depois que engrena, o autor se empolga na tentativa de fazer a narrativa ser surpreendente. Essa empolgação faz com que Richard Osman, nos últimos capítulos, insira dezenas de pistas falsas e de reviravoltas falsas para tentar esconder ainda mais o mistério final. Isso até funcionaria caso o mistério fosse interessante, mas também não é. São muitas reviravoltas falsas que levam a um desfecho ok. Nada que empolgue.


O Clube do Crime das Quinta-feiras, portanto, deve ser um livro daqueles que, ou você gosta, ou não gosta. Não deve ter meio termo. Eu, particularmente, achei um dos filmes de suspense menos empolgantes que já li. Não funcionou para mim. Mas as 4,4 estrelas dos compradores da Amazon, os 97% de aprovação do Google e as 4,5 estrelas dos usuários do Skoob podem discordar de mim. Então, o primeiro livro de Osman funciona, é ok, mas não para todo leitor.


Vamos falar mais de livros?

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Até logo e nos vemos novamente em breve.


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