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A tempestade era só uma CHUVINHA - Tempestade de Guerra (Victoria Aveyard)

Atualizado: 4 de dez. de 2024

Um final satisfatório para uma história que começou muito bem e se perdeu no caminho.

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"Recuei diante de sua oferta. Me afastei dele. Fui destroçada por outra traição de Cal, mas também minha. Dizer “eu te amo” é uma promessa. Nós dois a fizemos e nós dois a quebramos. Deveria significar escolho você acima de todo o resto."

O capítulo final de A Rainha Vermelha inicia-se exatamente a partir do momento em que A Prisão do Rei, terceiro livro da série, termina. Depois de ter sido "traída" por Cal (veja que a palavra está entre aspas, pois na minha opinião não ouve nenhuma traição nesse caso), a protagonista Mare Barrow tenta, de uma vez por todas, acabar com o regime monárquico e opressor em que seu país vive, buscando fazer alianças e procurando deixar seus sentimentos de lado, de modo que eles não interfiram na batalha.


A premissa desse livro, assim como de toda a série, é muito bem elaborada. Tenta falar, de uma forma interessante e com uma história criativa, sobre opressão e revolução, sobre preconceitos e sobre discriminação, sem deixar o romance e as relações pessoais de lado - o que infelizmente só acontece apropriadamente no primeiro livro. A partir do segundo, tais temas são cada vez mais mal trabalhados, pois a história começa a se perder, tornando algo superficial, com apenas algumas cenas e diálogos de efeito; e isso funciona por algum tempo, prova disso é que o segundo livro (Espada de Vidro) ainda é bom, mas cansa no decorrer do tempo.


Depois de Prisão do Rei, a autora tenta finalizar em um livro uma grande história, a qual é muito cheia de personagens que não podiam ser esquecidos, o que resulta num final corrido e apressado, embora essa correria só comece de fato nas últimas 100 páginas do livro - o resto é uma enrolação diplomática sem fim. Através do olhar de muitas personagens, conhecemos muitos pontos de vista a respeito da guerra iminente, mas a maioria desses momentos parecem não levar ninguém a nada, pois esses acontecimentos e deliberações sobre alianças e perigos não fazem diferença no final da história.

Dentre os pontos positivos, cito a habilidade grande da autora em escrever diálogos tensos e precisos (que pra mim foram a melhor parte desse livro), pois se a guerra é uma coisa corrida e até difícil de abstrair, os diálogos são uma maravilha a parte, os quais explicitam muito bem a sensação de espírito das personagens que sofrem com as consequências das ações de Maven. Já falei que esses diálogos foram ficando cansativos no decorrer da série, mas nesse caso, pela falta de outros momentos expressivos, eles cumprem o papel de prender o leitor, esperando pelo próximo diálogo explosivo e, muitas vezes, cheios de sarcasmo.

"A democracia é bem curiosa. Não que qualquer um de vocês saiba disso."

Entretanto, os pontos negativos parecem ser mais fortes que os positivos. O trabalho de Aveyard com seus personagens foi um grande problema nesse livro. Maven, o grande vilão da trama, tem uma "evolução" (se é que esse é o termo correto para o que acontece com ele) muito injusta se levarmos em conta o personagem apresentado no primeiro livro - alguém que faz o mal porque foi manipulado e porque foi destituído de sentimentos. Desde as atrocidades cometidas por ele no segundo livro (como matar bebês), me pergunto se ele de fato faria aquelas coisas sem a força da manipulação da mãe; e sim, a autora diz que ele faz e as atitudes forçadas pela autora do personagem pioram no decorrer do terceiro livro.


No quarto, ele se torna um vilão completamente sem escrúpulos e, o pior, sem motivação: é impossível saber os motivos pelos quais ele faz tanta maldade, pois sua obsessão por Mare não justifica grande parte dos atos do jovem rei impostor, a sua sede pelo poder, tampouco. Além disso, Maven não é um personagem que passa ameaça ao leitor (e as diversas cenas dele com a família real de Lakeland comprovam que o medo de todos pelo Rei de Fogo é irracional, pois ele não ameaça ninguém).

A mesma descaracterização de personagens acontece com os dois protagonistas (Cal e Mare) que se tornam pessoas para as quais não conseguimos torcer. Ficam apáticas, seu romance é sem graça e o casal perde completamente o protagonismo - e este é recuperado por Evangeline, que rouba a cena. Ela, sim, estranhamente, levando em conta suas atitudes controversas nos três primeiros livros, é a personagem por quem eu consegui torcer.

Por fim, outro ponto bastante incômodo é a quantidade de narradores na história, que contribui para a confusão que toma conta das últimas páginas do livro e para a diluição do protagonismo de quem deveria ser protagonista.

"Até que seus dedos se movem, encostando nos meus. Tocando bem de leve. Mas é o suficiente."

Assim sendo, Victoria Aveyard faz um final satisfatório para A Rainha Vermelha, mas muito longe do esperado pela maioria dos fãs. É suficiente, mas não é o ideal. Quase que a "tempestade" de guerra não acontece, já que boa parte desse último livro fica apenas numa garoa fina e enrolada.


Enfim, espero que vocês leiam A Rainha Vermelha, como um todo, e consigam perceber todos os pontos positivos do mundo criado por Victoria Aveyard. E espero também que minhas palavras, neste post, não os desanimem.


Até a próxima! Grande abraço :)


Ah, e vamos trocar opiniões sobre Tempestade de Guerra nas redes sociais e/ou nos comentários!

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